
REFLEXÃO SOBRE A MORTE E O LUTO SOB UMA PERSPECTIVA CRISTÃ.
Na vida, existe a princípio somente uma certeza absoluta, qual seja, a realidade da morte. No entanto, a partir de nossa fé cristã, sabemos que a morte não tem a última palavra. Compartilho totalmente do pensamento do médico pediatra e psiquiatra inglês Winnicott, quando ele diz, referindo-se à morte: “Te agradeço ó Deus, por permitires que eu morra para que eu possa viver eternamente”.
É um pensamento que está em perfeita harmonia com nossa fé cristã. Vejamos: em João 12,24 Jesus diz: “Se o grão de trigo, caindo na terá não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto”. Em Apocalipse 21,5, o autor após ter tido uma visão sobre a Nova Jerusalém, afirma: “Eis que faço novas todas as coisas”. Ainda em João 5, 24-25 Jesus diz: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”. São apenas alguns exemplos que nos deixam claro que a morte não é o fim e sim, o caminho necessário para podermos participar do “novo céu e da nova terra nos quais habita a justiça” (II Pedro 3,13).
Mesmo assim, a morte continua sendo a causadora do maior sofrimento humano. Temos enormes dificuldades em lidar com a realidade da morte e suas conseqüências.
Trata-se também de uma realidade sobre a qual não gostamos de falar. Com certeza, pelo fato de ignorarmos esse assunto em nossas rodas de conversas, quando a morte bate à nossa porta através da perda de uma pessoa amada, ficamos totalmente desestruturados. Especialmente os familiares e pessoas mais próximas do(a) falecido(a), num primeiro momento entram em estado de choque. Perdem totalmente a capacidade de pensar, planejar e organizar.
Por isso, a Igreja tem uma tarefa muito importante. A organização e capacitação de grupos de apoio a enlutados. Esse grupo não precisa ser exclusivo da IECLB. Somos a Igreja que tem um maior conhecimento e uma maior caminhada nesse assunto. Fiz a experiência de abrir esse trabalho para a Igreja católica e a experiência foi fantástica. Mas, podemos pensar em abrir também para outras Igrejas cristãs. Minha proposta sempre foi no sentido de transformá-lo num trabalho ecumênico.
Sabemos que diante da realidade da morte, palavras muitas vezes caem no vazio. Mas gestos concretos de solidariedade são sempre lembrados. Por isso, quando o teólogo católico alemão Eugen Drewermann afirma que “ a Igreja deve ser um espaço de graça e de misericórdia”, ele o faz exatamente no contexto do sofrimento humano.
Sendo a morte uma realidade inevitável, é preciso constituir mecanismos preventivos e curativos para os que sofrem a perda de uma pessoa amada. Dentre esses mecanismos, os que tem se mostrado como mais eficazes são os grupos de apoio a enlutados e os grupos de visitação a pessoas em sofrimento psíquico. O primeiro é bem específico. Destina-se exclusivamente a pessoas enlutadas. O segundo é mais abrangente: está aberto a todas as pessoas que passam por sofrimento psíquico, que tanto pode ser o luto, mas também de outra ordem.
Como nosso enfoque é a morte e o luto, vamos nos ater ao grupo de apoio a enlutados.
Esse grupo é composto por pessoas que preferencialmente já tenham passado pela dor da perda. Porém, não é condição obrigatória. É recomendável que o grupo seja assessorado pro profissionais da saúde especializados nessa área, tais como médicos psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e sacerdotes.
O grupo reúne-se semanalmente para refletir e trabalhar as diversas fases do luto. Também deve estar alerta para intervir sempre que acontece um falecimento, lembrando que diante da realidade da morte, existe uma desestruturação psíquica que leva os familiares e as pessoas diretamente relacionados com o (a) falecido (a) a uma incapacidade total ou parcial para tomar decisões ou organizar questões relativas ao sepultamento, tais como trâmites jurídicos e religiosos.
Por isso é importante que o grupo de apoio aos enlutados tome a frente e se encarregue de fazer os encaminhamentos mais urgentes e necessários, tais como: providenciar a certidão de óbito que deverá ser fornecida por um médico credenciado, de preferência um médico legista, pois sem essa certidão o sepultamento não poderá ser realizado; contratar os serviços de uma empresa funerária; fixar a hora do sepultamente, consultando antes o pastor ou padre sobre a disponibilidade de horário; comunicar os familiares e amigos (consultar família), havendo necessidade, divulgar também nos meios de comunicação.
Passado o sepultamento, os participantes do grupo convidam os familiares para a primeira reunião subseqüente ao sepultamento. É um espaço terapêutico no qual os enlutados tem a possibilidade de experimentar a graça e a misericórdia de Deus.
Nas reuniões existe um espaço para compartilhar (depoimentos) e são trabalhadas as diversas fases do luto que basicamente são quatro:
1. Negação. Os enlutados ainda não conseguem aceitar a morte da pessoa amada. As reações nessa fase são as mais diversas. Normalmente negam pura e simplesmente o fato. É uma fase muito importante e que merece um cuidado todo especial por parte do grupo. Nessa fase, é preciso, sempre de novo, relembrar o enterro do ente-querido e ser contundente na afirmação da realidade da morte. É preciso “cortar o cordão umbilical”. Se essa fase não for bem trabalhada e os enlutados não conseguirem assimilar a realidade da morte, as conseqüências podem ser muito dolorosas. Essa fase não deveria durar mais de 10 dias. Porém quando não é bem trabalhada, pode durar muito tempo e trazer muito sofrimento. Cito apenas o exemplo da viúva que depois de passados 4 anos desde o falecimento de seu marido, ainda cozinhava e preparava a mesa para os dois. Essa viúva, depois de 4 anos, ainda não havia conseguido enterrar seu marido.
O sofrimento nesses casos é muito grande.
2. Raiva. É a fase dos “por quês”. Por que meu marido, minha esposa, nosso filho, meu irmão, meu pai, minha mãe, teve que morrer? Por que foi acontecer justamente comigo? . Por que essa doença ou esse acidente teve que acontecer justamente para ele (ela)? Por que, Deus, que é um Deus de amor, permite tanto sofrimento? E assim poderíamos enumerar ainda outros tantos “ por quês”. Nessa fase os enlutados sentem raiva dos médicos, dos amigos e principalmente de Deus. Afinal, alguém tem que ser o culpado!
Essa é uma fase que também exige muito cuidado para com os enlutados. Eles facilmente tornam-se “reféns” da raiva e acabam se afastando de todo e qualquer convívio social ou religioso. A revolta é tão grande que todos se tornam “suspeitos”. Isso faz com que os enlutados se enclausurem e percam todo o qualquer contato com as pessoas ou grupos com quem conviviam antes da morte do ente-querido. Essa fase não deveria ultrapassar os 45 dias.
3. Depressão ou Recuperação. Na medida em que as fases da negação e da raiva tiverem sido bem trabalhadas e assimiladas pelos enlutados, vem a fase seguinte que pode ter dois desdobramentos: ou vem a depressão ou vem a recuperação. Segundo o psicanalista H. Clinebel, “é a fase na qual a vida e a morte andam de mãos dadas dependendo do rumo que os enlutados dão ao seu processo de luto”. Em havendo uma recuperação, está aberto o caminho para a vida. Caso haja a evolução para uma depressão é preciso a intervenção de um profissional da saúde especializado nesse assunto, podendo ser o pastor, o padre ou um psicólogo ou psiquiatra. Em alguns casos é preciso lançar mão de um tratamento farmacológico. Caso o enlutado negue a depressão e não aceite ajuda ele estará caminhando perigosamente para uma falta de sentido de vida e daí ao suicídio o caminho é muito tênue. Por isso também nessa fase os enlutados precisam de um acompanhamento. No caso da recuperação, vai significar que em aproximadamente 60 a 90 dias já se estará iniciando a quarta e última fase. Mas, se o caminho for a depressão, esse prazo aumenta significativamente e não é possível estabelecer um prazo determinado, pois depende do tipo de depressão, da disponibilidade em aceitar ajuda e da resposta à ajuda.
4. Aceitação. É a última fase do luto. No processo do luto é importante não “queimar” etapas ou fases. Cada fase do luto deve ser vivida e trabalhada intensivamente. Caso isso não aconteça, teremos no futuro, enlutados sofrendo, por não terem vivido e trabalhado de maneira adequada uma ou mais etapas do luto.
A partir do momento em que o enlutado aceita a morte de seu ente- querido, começa para ele um novo tempo. Tempo cheio de alegria, de esperança e de novos projetos. Cumpre-se então a promessa de Jesus “eis que faço novas todas as coisas”.
A morte deixa de ter este aspecto de medo e terror e passa a ser encarada como um processo natural da nossa existência humana que inicia com a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, passa pelo parto, depois pelas diversa fases da vida, culmina culminando com a morte através da qual podemos chegar à vida eterna. Ou usando mais uma fez essa linda oração do famoso psiquiatra Winnicott: “Te agradeço Senhor, por me deixares morrer, para que eu possa viver eternamente”.
Conclusão.
Deve-se dizer que a morte não pode ser encarada nem de maneira leviana, nem de uma forma aterrorrizante. Ele deve ser encarada , a partir de uma perspectiva cristã, como um processo pelo qual todos necessariamente teremos que passar. Faz parte da nossa condição humana. “Da terra fostes formados e à terra tornarás”, afirma Deus dentro do contexto de seu plano criador.
Por isso, é necessário nos darmos conta de que somos peregrinos neste mundo. Deus nos deu a vida a nos tira a vida. Esse tempo compreendido entre nosso nascimento e nossa morte, é o tempo necessário que Deus nos confiou aqui nesta terra para cumprirmos a missão que Ele nos confiou. Como criaturas, jamais podemos querer nos transformar em “criadores”. Isso seria deturpar o maravilhoso plano da criação de Deus.
O Criador nos criou como seus instrumentos. Concedeu-nos dons e espera que com esses dons recebidos sejamos seus colaboradores para a construção de Seu Reino glorioso.
Neste mundo, Deus tem somente nossas mãos, nossos pés, nossos olhos e nossos ouvidos para fazer o seu Reino crescer.
Cabe a cada qual, usar com responsabilidade os dons recebidos para que tenhamos um mundo melhor já aqui e agora e que tudo o que fizermos agora, contribua para que o Reino de Deus venha em sua plenitude e seja então inaugurada a Nova Jerusalém, a Nova Cidade, o Novo céu e a nova terra na qual não haverá mais sofrimento nem dor e sim, apenas vida e vida em plenitude.
P. Waldir Humberto Schubert
Especialista em Aconselhamento
E Psicologia Pastoral.
Na vida, existe a princípio somente uma certeza absoluta, qual seja, a realidade da morte. No entanto, a partir de nossa fé cristã, sabemos que a morte não tem a última palavra. Compartilho totalmente do pensamento do médico pediatra e psiquiatra inglês Winnicott, quando ele diz, referindo-se à morte: “Te agradeço ó Deus, por permitires que eu morra para que eu possa viver eternamente”.
É um pensamento que está em perfeita harmonia com nossa fé cristã. Vejamos: em João 12,24 Jesus diz: “Se o grão de trigo, caindo na terá não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto”. Em Apocalipse 21,5, o autor após ter tido uma visão sobre a Nova Jerusalém, afirma: “Eis que faço novas todas as coisas”. Ainda em João 5, 24-25 Jesus diz: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”. São apenas alguns exemplos que nos deixam claro que a morte não é o fim e sim, o caminho necessário para podermos participar do “novo céu e da nova terra nos quais habita a justiça” (II Pedro 3,13).
Mesmo assim, a morte continua sendo a causadora do maior sofrimento humano. Temos enormes dificuldades em lidar com a realidade da morte e suas conseqüências.
Trata-se também de uma realidade sobre a qual não gostamos de falar. Com certeza, pelo fato de ignorarmos esse assunto em nossas rodas de conversas, quando a morte bate à nossa porta através da perda de uma pessoa amada, ficamos totalmente desestruturados. Especialmente os familiares e pessoas mais próximas do(a) falecido(a), num primeiro momento entram em estado de choque. Perdem totalmente a capacidade de pensar, planejar e organizar.
Por isso, a Igreja tem uma tarefa muito importante. A organização e capacitação de grupos de apoio a enlutados. Esse grupo não precisa ser exclusivo da IECLB. Somos a Igreja que tem um maior conhecimento e uma maior caminhada nesse assunto. Fiz a experiência de abrir esse trabalho para a Igreja católica e a experiência foi fantástica. Mas, podemos pensar em abrir também para outras Igrejas cristãs. Minha proposta sempre foi no sentido de transformá-lo num trabalho ecumênico.
Sabemos que diante da realidade da morte, palavras muitas vezes caem no vazio. Mas gestos concretos de solidariedade são sempre lembrados. Por isso, quando o teólogo católico alemão Eugen Drewermann afirma que “ a Igreja deve ser um espaço de graça e de misericórdia”, ele o faz exatamente no contexto do sofrimento humano.
Sendo a morte uma realidade inevitável, é preciso constituir mecanismos preventivos e curativos para os que sofrem a perda de uma pessoa amada. Dentre esses mecanismos, os que tem se mostrado como mais eficazes são os grupos de apoio a enlutados e os grupos de visitação a pessoas em sofrimento psíquico. O primeiro é bem específico. Destina-se exclusivamente a pessoas enlutadas. O segundo é mais abrangente: está aberto a todas as pessoas que passam por sofrimento psíquico, que tanto pode ser o luto, mas também de outra ordem.
Como nosso enfoque é a morte e o luto, vamos nos ater ao grupo de apoio a enlutados.
Esse grupo é composto por pessoas que preferencialmente já tenham passado pela dor da perda. Porém, não é condição obrigatória. É recomendável que o grupo seja assessorado pro profissionais da saúde especializados nessa área, tais como médicos psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e sacerdotes.
O grupo reúne-se semanalmente para refletir e trabalhar as diversas fases do luto. Também deve estar alerta para intervir sempre que acontece um falecimento, lembrando que diante da realidade da morte, existe uma desestruturação psíquica que leva os familiares e as pessoas diretamente relacionados com o (a) falecido (a) a uma incapacidade total ou parcial para tomar decisões ou organizar questões relativas ao sepultamento, tais como trâmites jurídicos e religiosos.
Por isso é importante que o grupo de apoio aos enlutados tome a frente e se encarregue de fazer os encaminhamentos mais urgentes e necessários, tais como: providenciar a certidão de óbito que deverá ser fornecida por um médico credenciado, de preferência um médico legista, pois sem essa certidão o sepultamento não poderá ser realizado; contratar os serviços de uma empresa funerária; fixar a hora do sepultamente, consultando antes o pastor ou padre sobre a disponibilidade de horário; comunicar os familiares e amigos (consultar família), havendo necessidade, divulgar também nos meios de comunicação.
Passado o sepultamento, os participantes do grupo convidam os familiares para a primeira reunião subseqüente ao sepultamento. É um espaço terapêutico no qual os enlutados tem a possibilidade de experimentar a graça e a misericórdia de Deus.
Nas reuniões existe um espaço para compartilhar (depoimentos) e são trabalhadas as diversas fases do luto que basicamente são quatro:
1. Negação. Os enlutados ainda não conseguem aceitar a morte da pessoa amada. As reações nessa fase são as mais diversas. Normalmente negam pura e simplesmente o fato. É uma fase muito importante e que merece um cuidado todo especial por parte do grupo. Nessa fase, é preciso, sempre de novo, relembrar o enterro do ente-querido e ser contundente na afirmação da realidade da morte. É preciso “cortar o cordão umbilical”. Se essa fase não for bem trabalhada e os enlutados não conseguirem assimilar a realidade da morte, as conseqüências podem ser muito dolorosas. Essa fase não deveria durar mais de 10 dias. Porém quando não é bem trabalhada, pode durar muito tempo e trazer muito sofrimento. Cito apenas o exemplo da viúva que depois de passados 4 anos desde o falecimento de seu marido, ainda cozinhava e preparava a mesa para os dois. Essa viúva, depois de 4 anos, ainda não havia conseguido enterrar seu marido.
O sofrimento nesses casos é muito grande.
2. Raiva. É a fase dos “por quês”. Por que meu marido, minha esposa, nosso filho, meu irmão, meu pai, minha mãe, teve que morrer? Por que foi acontecer justamente comigo? . Por que essa doença ou esse acidente teve que acontecer justamente para ele (ela)? Por que, Deus, que é um Deus de amor, permite tanto sofrimento? E assim poderíamos enumerar ainda outros tantos “ por quês”. Nessa fase os enlutados sentem raiva dos médicos, dos amigos e principalmente de Deus. Afinal, alguém tem que ser o culpado!
Essa é uma fase que também exige muito cuidado para com os enlutados. Eles facilmente tornam-se “reféns” da raiva e acabam se afastando de todo e qualquer convívio social ou religioso. A revolta é tão grande que todos se tornam “suspeitos”. Isso faz com que os enlutados se enclausurem e percam todo o qualquer contato com as pessoas ou grupos com quem conviviam antes da morte do ente-querido. Essa fase não deveria ultrapassar os 45 dias.
3. Depressão ou Recuperação. Na medida em que as fases da negação e da raiva tiverem sido bem trabalhadas e assimiladas pelos enlutados, vem a fase seguinte que pode ter dois desdobramentos: ou vem a depressão ou vem a recuperação. Segundo o psicanalista H. Clinebel, “é a fase na qual a vida e a morte andam de mãos dadas dependendo do rumo que os enlutados dão ao seu processo de luto”. Em havendo uma recuperação, está aberto o caminho para a vida. Caso haja a evolução para uma depressão é preciso a intervenção de um profissional da saúde especializado nesse assunto, podendo ser o pastor, o padre ou um psicólogo ou psiquiatra. Em alguns casos é preciso lançar mão de um tratamento farmacológico. Caso o enlutado negue a depressão e não aceite ajuda ele estará caminhando perigosamente para uma falta de sentido de vida e daí ao suicídio o caminho é muito tênue. Por isso também nessa fase os enlutados precisam de um acompanhamento. No caso da recuperação, vai significar que em aproximadamente 60 a 90 dias já se estará iniciando a quarta e última fase. Mas, se o caminho for a depressão, esse prazo aumenta significativamente e não é possível estabelecer um prazo determinado, pois depende do tipo de depressão, da disponibilidade em aceitar ajuda e da resposta à ajuda.
4. Aceitação. É a última fase do luto. No processo do luto é importante não “queimar” etapas ou fases. Cada fase do luto deve ser vivida e trabalhada intensivamente. Caso isso não aconteça, teremos no futuro, enlutados sofrendo, por não terem vivido e trabalhado de maneira adequada uma ou mais etapas do luto.
A partir do momento em que o enlutado aceita a morte de seu ente- querido, começa para ele um novo tempo. Tempo cheio de alegria, de esperança e de novos projetos. Cumpre-se então a promessa de Jesus “eis que faço novas todas as coisas”.
A morte deixa de ter este aspecto de medo e terror e passa a ser encarada como um processo natural da nossa existência humana que inicia com a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, passa pelo parto, depois pelas diversa fases da vida, culmina culminando com a morte através da qual podemos chegar à vida eterna. Ou usando mais uma fez essa linda oração do famoso psiquiatra Winnicott: “Te agradeço Senhor, por me deixares morrer, para que eu possa viver eternamente”.
Conclusão.
Deve-se dizer que a morte não pode ser encarada nem de maneira leviana, nem de uma forma aterrorrizante. Ele deve ser encarada , a partir de uma perspectiva cristã, como um processo pelo qual todos necessariamente teremos que passar. Faz parte da nossa condição humana. “Da terra fostes formados e à terra tornarás”, afirma Deus dentro do contexto de seu plano criador.
Por isso, é necessário nos darmos conta de que somos peregrinos neste mundo. Deus nos deu a vida a nos tira a vida. Esse tempo compreendido entre nosso nascimento e nossa morte, é o tempo necessário que Deus nos confiou aqui nesta terra para cumprirmos a missão que Ele nos confiou. Como criaturas, jamais podemos querer nos transformar em “criadores”. Isso seria deturpar o maravilhoso plano da criação de Deus.
O Criador nos criou como seus instrumentos. Concedeu-nos dons e espera que com esses dons recebidos sejamos seus colaboradores para a construção de Seu Reino glorioso.
Neste mundo, Deus tem somente nossas mãos, nossos pés, nossos olhos e nossos ouvidos para fazer o seu Reino crescer.
Cabe a cada qual, usar com responsabilidade os dons recebidos para que tenhamos um mundo melhor já aqui e agora e que tudo o que fizermos agora, contribua para que o Reino de Deus venha em sua plenitude e seja então inaugurada a Nova Jerusalém, a Nova Cidade, o Novo céu e a nova terra na qual não haverá mais sofrimento nem dor e sim, apenas vida e vida em plenitude.
P. Waldir Humberto Schubert
Especialista em Aconselhamento
E Psicologia Pastoral.
2 comentários:
Ola Pastor Waldir! Otimo esse tema.Que Deus abençoe voce sempre!
tbm gostei muito! abraços
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